quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Sabedoria

Desde que tudo me cansa,

Comecei eu a viver.

Comecei a viver sem esperança...

E venha a morte quando

Deus quiser.

Dantes, ou muito ou pouco,

Sempre esperara:

Às vezes, tanto, que o meu sonho louco

Voava das estrelas à mais rara;

Outras, tão pouco,

Que ninguém mais com tal se conformara.

Hoje, é que nada espero.

Para quê, esperar?

Sei que já nada é meu senão se o não tiver;

Se quero, é só enquanto apenas quero;

Só de longe, e secreto, é que inda posso amar. . .

E venha a morte quando Deus quiser.

Mas, com isto, que têm as estrelas?

Continuam brilhando, altas e belas.

(José Régio)

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