domingo, 10 de junho de 2007

FERNANDO PESSOA


É considerado um dos maiores poetas de língua portuguesa tendo seu valor comparado ao de Camões. O crítico literário Harold Bloom considerou-o, ao lado de Pablo Neruda, o mais representativo poeta do século XX. Por ter vivido a maior parte de sua juventude na África do Sul, a língua inglesa também possui destaque em sua vida, com Pessoa traduzindo, escrevendo, trabalhando e estudando no idioma. Teve uma vida discreta, em que atuou no jornalismo, na publicidade, no comércio e, principalmente, na literatura, onde desdobrou-se em várias outras personalidades conhecidas como heterônimos. A figura enigmática em que se tornou movimenta grande parte dos estudos sobre sua vida e obra, além do fato de ser o maior autor da heteronímia. (wikipedia)

O poeta se desmultiplica ou despersonaliza na figura de inúmeros heterônimos e semi-heterônimos, dando forma por esta via à amplitude e à complexidade dos seus pensamentos, conhecimentos e percepções da vida e do mundo; ao dar vida às múltiplas vozes que comporta dentro de si, o poeta pode percepcionar e expressar as diferentes formas do universo, das coisas e do homem.

Os heterônimos podem ser vistos como a expressão de diferentes facetas da personalidade de Fernando Pessoa e como a manifestação de uma profunda imaginação, criatividade e ficção que desde cedo se revela no poeta - recorde-se que o primeiro heterônimo, o Chevalier de Pas, foi inventado quando o poeta tinha seis anos. Os mais conhecidos e com produção literária mais consistente e constante são, no entanto, outros: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Mas para além destes heterônimos Fernando Pessoa, desdobrou-se em inúmeros semi-heterônimos e pseudônimos, personalidades com uma biografia traçada com maior ou menor detalhe, personalidades com vidas literárias mais ou menos intensas, personalidades que acompanharam o poeta durante um tempo muito ou pouco significativo e que, quantas vezes, se desdobram elas mesmas em outras.

Para cada um destes homens, Fernando Pessoa desenhou uma cuidada biografia, um horóscopo, um retrato físico completo, traçou as suas características morais, intelectuais, ideológicas. Três personagens diferentes, cada qual com uma actividade literária distinta, personagens que se conhecem e entram em polemica uns com os outros, bem como com o demiurgo, três facetas de um mesmo homem que da dispersão parece ter feito condição de encontro consigo próprio.

Fernando Pessoa morreu quase completamente ignorado pelo grande público, pouco compreendido à época pelo leitor comum por ter renunciado a proposta naturalista-amorosa que orientava a poética de então.
Morre de problemas hepáticos aos 47 anos na mesma cidade onde nascera, tendo sua última frase sido escrita na língua inglesa: "I know not what tomorrow will bring... "

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HOMENAGEM A FERNANDO PESSOA

Sou uma máquina de me ferirem
Os que aromáticos passam normais.
Eu sou dos Sebastiões que vocês virem
O das flechas católicas - jamais
O Sebastião de Alcácer-e-Quibir em
Batalhas de sanguíneos portugais.
Fui barco, sim e amei até ruírem
Por terra os mares que não sonho mais.
Toda a Mensagem, que me dessedenta,
Deixei num pergaminho que fratura
Os versos e as palavras, meus arcanos.
Desde a Tabacaria à nevoenta
Ode Marítima, que eu quis futura,
Tudo se apaga quanto errei nos anos.

[JORGE WANDERLEY]


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A minha alma e’ como um barco pintado
Que flutua qual cisne adormecido
Sobre as ondas prateadas do teu doce canto.

[“O Teu Doce Canto”- Fernando Pessoa]


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“Ha’ sem duvida quem ame o infinito,
Ha’ sem duvida quem deseje o impossivel,
Ha’ sem duvida quem nao queria nada -

Tres tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possivel,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou ate’ se nao puder ser…”

[“Álvaro de Campos“]