
Na década de 70, teve poemas e textos publicados em diversas revistas de sua cidade natal - como Corpo Estranho, Muda Código, Raposa - e lançou o seu ousado Catatau, que denominou "prosa experimental", em edição particular.
Em 1983, o poeta passou a publicar pela editora Brasiliense, o que o fez conhecer o sucesso. Passou, então, a colaborar no Folhetim do jornal Folha de S. Paulo, a resenhar livros de poesia para a revista Veja e a participar do Jornal de Vanguarda da TV Bandeirantes. Como compositor, teve músicas gravadas por Caetano Veloso, Paulinho Boca de Cantor, Itamar Assumpção, Ney Matogrosso, por grupos como A cor do Som e Blindagem, e parcerias com Moraes Moreira.
Paulo Leminski foi também faixa-preta e professor de judô, poliglota e tradutor, professor de história e de redação em cursos pré-vestibulares, diretor de criação e redator de publicidade. Para o público infanto-juvenil escreveu em 1986, Guerra dentro da gente e, em 1989, A lua foi ao cinema.
O poeta morreu no dia 7 de junho de 1989. Em sua homenagem, foi inaugurado o Espaço Cultural Paulo Leminski, teatro multimídia ao ar livre, na antiga pedreira municipal de Curitiba, no mesmo ano.
Famoso, respeitado, dono de um enorme prestígio, Paulo Leminski realmente ampliou-se ao limite máximo e partiu em direção ao "sonho de outras esferas". Viveu com a intensidade de um samurai zen budista e construiu uma obra seguramente inscrita definitivamente na pele da prosa e da poesia brasileira. Poeta inovador, polemista irreverente, agitador imantado e — fatalidade inquestionável — humano, atingiu uma luminosidade extrema, como ele mesmo escreveu no poema "Sintonia para pressa e presságio": "Eis a voz, eis o deus, eis a fala,/ eis que a luz se acendeu na casa/ e não cabe mais na sala".
~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
"Esses poemas, mais que quaisquer outros,
estão cheios de noites e madrugadas adentro.
Cheios de uma dor tão elevada que é capaz
de nos fazer rir, apesar de tudo.
Cheios de dias na vida de uma luz.
São poemas de vitalidade, apesar do adeus..."
~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
SINTONIA PARA PRESSA E PRESSÁGIO
Escrevia no espaço.
Hoje, grafo no tempo,
Na pele, na palma, na pétala,
Luz do momento.
Soo na dúvida que separa
O silêncio de quem grita
Do escândalo que cala,
No tempo, distância, praça,
Que a pausa, asa, leva
Para ir percalço ao espasmo.
Eis a voz, eis o deus, eis a fala,
Eis que a luz acendeu na casa
E não cabe mais na sala.
Paulo Leminski