domingo, 5 de agosto de 2007

Como um bicho


O ritmo do meu peito é amedrontado
Deus me pega, me mata, vai me comer
o deus colérico.

Tan-tan, tan-tan,
um tambor antiquíssimo na selva
cada vez mais perigoso
porque o dia deserta,
tan-tan, tan-tan,
as estrelas são altas e os répteis astuciosos.
Tan-tan , meu pai, tan-tan,
ó minha mãe,
ponta de faca, dentes,
água,
água, não. Um pastor com a sua flauta no rochedo,
o que nada pode erodir.
Assim meus pés descansam
e minha alma pode dormir.

Tan-tan, tan-tan,
cada vez mais fraco.
Não é meu coração,
é só um tambor.

Adélia Prado

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