segunda-feira, 3 de setembro de 2007

SONETO LXVI

"Não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não te querer chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.

Quero-te só porque a ti te quero,
odeio-te sem fim, e odiando-te te rogo,
e a medida de meu amor viajante
é não te ver e amar-te como um cego.

Talvez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.

Nesta história só eu me morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo."
(PABLO NERUDA)

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